nem um décimo do que eu queria dizer
eu já quis escrever sobre todas as sensações que me habitam desde que vi impresso meu livro, resultado de quatro anos de muito desejo, sofrência e invencionice, e como tudo isso só aconteceu porque tive comigo muita gente dando a força necessária pra não abandonar.
(que eu acho mesmo que não se faz nada sozinho)
que eu agora não tenho a menor ideia do que fazer com os 47 exemplares que restam.
(embora tenha planejado o destino certo de cada um, inclusive existe uma planilha de nomes e endereços)
eu sinto vontade de contar que terminaram as rodas literárias entre mulheres e que eu ainda penso sobre elas, muito, e quanta vontade tenho de entender tudo o que aconteceu ali, no dentro e no fora delas, as coisas se fazendo no entre eu e os outros, todas as que não sou eu, com cada uma delas, um espaço que criamos e sustentamos porque quisemos, quando quisemos, não todas, e eu queria que tudo bem.
que eu ando me sentindo fora do ar, uma coisa tão estranha que me faz pensar se estou habitando as raias da sanidade. minhas ambivalências, meus fantasmas, meu perfeccionismo, meu choro seco, tudo que eu penso e desejo, tanto desejo pra além do que está dado.
que eu quero morar onde tem mar e sol e céu, porque não posso nem mais um minuto nessa cidade.
do meu desejo tão grande de viver só vivendo, sem precisar entender nada, só sendo, feito árvore.
você consegue?